HEURECA!
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Admiro seus arranha-céus incertos.
Suas caras pintadas e, por que não dizer, mascaradas escondem-se entre as caras amarradas, que têm os olhos fixados no chão.
Quanta concentração.
As buzinas ensurdecedoras e seu silêncio hipnotizante sintonizam uma rádio constante.
Quem a entende São Paulo?
Adormeço no balançar do vagão na mesma frequência com que sou acordada com o cutucar de quem me avisa a hora de desembarcar. O tempo não pode parar.
Como viver em ti São Paulo?
Seus aromas e diversos sabores atiçam meu paladar. Mas, como parar se o relógio não quer colaborar?
Como essas pernas não se embaraçam com tamanha andança.
Corre, pula, sobe, desce, anda....ufa. Para.
Que estranha dança.
Como viver sem ti São Paulo?
Se aqui não temos o Cristo de braços abertos, temos a mão erguida oferecendo oportunidade para quem tem força de vontade.
Obrigada São Paulo!
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
E você ainda reclamando da vida...
sábado, 10 de março de 2012
Uma ciclista....
mais uma ciclista
mais um sonho interrompido
Não vi o rosto
Não sei o nome
De onde vinha? Para onde iria?
....
O corpo permanece na via
Os curiosos chegam
Os curiosos param
A T.V anuncia
múltiplas versões para um triste fim
A pericia investiga
A rotina inicia
O corpo será levado
A Paulista será lavada
Um ar pesado toma conta do ambiente
A sexta-feira fica com cara de segunda-feira 13
Alguém vai receber uma ligação
Alguém vai ficar sem o chão
Poderia ser um meu
Poderia ser um seu
Poderia ter sido você
Lá vem outro ciclista atravessando a Paulista
sábado, 2 de abril de 2011
Sustentabili, o quê?
segunda-feira, 14 de março de 2011
No mês das mulheres quem fez a festa foram os homens
Que a mulher brasileira é um dos sinônimos do carnaval brasileiro, não há dúvidas; mas, em 2011, os homens fizeram a diferença. E não foram os sarados, os musculosos e tão pouco as caras jovens que, na maioria, das vezes duram apenas um carnaval;mas, sim, os que têm as marcas do tempo na face, o grisalho nos cabelos e uma história de vida para ser contada em prosa e samba.
Em São Paulo, a escola Vai-Vai conquistou o 14º título de sua história ao homenagear o pianista e maestro João Carlos Martins, que após perder parte dos movimentos das mãos – ocasionados por problemas de saúde e acidentes como um golpe na cabeça durante um assalto na cidade de Sofia (Bulgária) – persistiu no caminho da música e desenvolveu uma nova forma de reger. Por não conseguir segurar a batuta ou até mesmo virar as páginas das partituras dos concertos, João Carlos memoriza nota por nota, demonstrando mais uma vez sua superação.
Com título “A música venceu”, a escola do Bixiga levou para o primeiro dia de desfiles, no Anhembi, cerca de 3.800 componentes, que com o raiar do dia animaram a arquibancada com o samba enredo:
“E assim, na sua força de superação
Buscou a verdadeira vocação
Um novo incidente o quis derrubar
Mas com maestria se pôs a lutar...”
A coincidência entre as cores da escola – preto e branco – e a vestimenta do homenageado, facilitaram a nota máxima no quesito fantasia e harmonia, totalizando os 269,50 pontos conquistados. O maestro regeu a bateria da escola de samba e estava nitidamente emocionado com a homenagem.
No Rio de Janeiro, o homenageado Roberto Carlos é o motivo de suspiro de muitas mulheres, apesar do passar dos anos, encanta multidões com suas músicas românticas e não foi diferente na Sapucaí. O casamento foi perfeito entre o Rei da Jovem Guarda e a escola Beija-Flor, que assim como o homenageado têm as cores azul e branco como símbolo. Em um carro com mais de 300 crianças, Roberto Carlos participou emocionado do desfile e, como toda a escola, cantarolava o samba enredo:
“Na Jovem Guarda o rock a embalar... Vivendo a paixão
Amigos de fé guardei no coração...
....O beijo na flor é só pra dizer
Como é grande o meu amor por você”
Durante a apuração dos votos, a escola se destacou entre as adversárias, alcançando o 12º título com 299,8 pontos – perdendo pontos nos quesitos mestre-sala e porta-bandeira e, ironia ou não, no samba-enredo.
Ao contrário dos demais anos, em 2011 o carnaval aconteceu no mês de março – mês em que é comemorado o dia internacional da mulher. Mas, entre tanto silicone, músculo e pouca roupa, foram dois homens que fizeram de suas vidas arte e superação.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
— Não. Não. Somente ela — responde a sorridente funcionária da Livraria Cultura, de São Paulo, enquanto tenta impedir que alguém ultrapassasse a área destinada à imprensa.
Logo após o fim do expediente de uma fria segunda-feira não mais importante
Um burburinho a minha direita. Quem será? Alguém importante há de ser, para tamanha agitação. É Fernando Gabeira, candidato ao governo do Rio de Janeiro, que vem cumprimentar a aliada de partido.
Não demora muito para que as atenções de Gabeira sejam divididas com os olhos azuis do cineasta Fernando Meirelles, autor do prefácio.
Flashes e mais flashes tomam conta da entrada da livraria. Deixo Meirelles de lado para descobrir quem será o próximo convidado. Tamanho alvoroço é feito para acolher a protagonista da obra, Marina Silva, que chega acompanhada da autora Marília. Tirar uma foto nestas circunstancias é um desafio, pois câmeras profissionais tomam à frente da minha captadora amadora de imagens.
Começa a sessão de autógrafos. A fila para conseguir a assinatura é extensa. Um senhor barbudo, cujo cabelo desgrenhado é perceptível apesar do boné, surge ao fundo. Trata-se de Luiz França Pena, presidente do Partido Verde, que fala sem parar no telefone celular, andando de um lado para outro.
Meus braços erguidos, apesar de doloridos, tentam capturar a melhor imagem de Mariana Silva, que havia parado de autografar os livros para falar com a imprensa.
Os flashes que se intensificam para registrar o aperto de mãos entre o petista e a ambientalista, seguido do caloroso abraço. De longe escuto alguém perguntar:
— Ela é a sua candidata, Suplicy? —. No entanto, a pergunta capciosa não chega aos ouvidos do interessado e se perde no ar.
Suplicy também oferta autógrafos, já que havia distribuído uma cartilha com ilustrações do Ziraldo. Pego um exemplar enquanto freneticamente
procuro uma caneta na escuridão da minha bolsa, tipicamente feminina.
— O senhor pode autografar para mim, por favor?
— Sim, sim. Qual o seu nome?
— Grasiele, com esse — digo, aproveitando para indagar: — Senador, podemos tirar uma foto, também?
— Claro — responde, solícito.sábado, 31 de outubro de 2009
Eu sabia que não iria durar muito
Eu sabia
E durou até mais do que imaginava ou esperava
Queria experimentar, sentir
Foi muito bom o que senti (é muito bom)
Tentei de todas as formas ser forte
Eu tentei
Mas coisas começaram a mudar
Saíram do meu controle
Algo mudou
Alguém balançou
Agora eu tenho que escolher
Decidir
Logo eu
Tão indecisa
Tão sem coragem
Porque eu?
Logo eu