sexta-feira, 20 de agosto de 2010

—Tem alguém mais importante que ela? — indaga uma senhora a minha direita.

— Não. Não. Somente ela — responde a sorridente funcionária da Livraria Cultura, de São Paulo, enquanto tenta impedir que alguém ultrapassasse a área destinada à imprensa.

Logo após o fim do expediente de uma fria segunda-feira não mais importante em São Paulo, a candidata à presidência da Republica Marina Silva autografaria sua biografia, ao lado da autora Marília de Camargo César.


Com minha máquina fotográfica em punho, dentre tantos profissionais, me atrevo a clicar alguns personagens secundários. A primeira fotografia é do então presidente da Natura, Guilherme Leal, futuro vice-presidente da Republica caso Marina seja eleita. Sempre cercado de pessoas, ele concede entrevista para alguns membros da imprensa.

Um burburinho a minha direita. Quem será? Alguém importante há de ser, para tamanha agitação. É Fernando Gabeira, candidato ao governo do Rio de Janeiro, que vem cumprimentar a aliada de partido.

Não demora muito para que as atenções de Gabeira sejam divididas com os olhos azuis do cineasta Fernando Meirelles, autor do prefácio.

Flashes e mais flashes tomam conta da entrada da livraria. Deixo Meirelles de lado para descobrir quem será o próximo convidado. Tamanho alvoroço é feito para acolher a protagonista da obra, Marina Silva, que chega acompanhada da autora Marília. Tirar uma foto nestas circunstancias é um desafio, pois câmeras profissionais tomam à frente da minha captadora amadora de imagens.

Começa a sessão de autógrafos. A fila para conseguir a assinatura é extensa. Um senhor barbudo, cujo cabelo desgrenhado é perceptível apesar do boné, surge ao fundo. Trata-se de Luiz França Pena, presidente do Partido Verde, que fala sem parar no telefone celular, andando de um lado para outro.

Meus braços erguidos, apesar de doloridos, tentam capturar a melhor imagem de Mariana Silva, que havia parado de autografar os livros para falar com a imprensa.

Ao me distanciar percebo que algo acontece perto do caixa. Vou para direita, volto para esquerda, um, dois, três cliques, descubro Eduardo Suplicy que compra o livro escrito sobre sua antiga aliada de partido.


Entre um questionamento e outro da imprensa, a moça do caixa registra os dois exemplares e aguarda que seu cliente confirme a compra digitando a senha. Ao se livrar das intermináveis perguntas, Suplicy efetiva a compra e segue em direção à mesa de autógrafos.

Os flashes que se intensificam para registrar o aperto de mãos entre o petista e a ambientalista, seguido do caloroso abraço. De longe escuto alguém perguntar:

— Ela é a sua candidata, Suplicy? —. No entanto, a pergunta capciosa não chega aos ouvidos do interessado e se perde no ar.

Suplicy também oferta autógrafos, já que havia distribuído uma cartilha com ilustrações do Ziraldo. Pego um exemplar enquanto freneticamente

procuro uma caneta na escuridão da minha bolsa, tipicamente feminina.

— O senhor pode autografar para mim, por favor?

— Sim, sim. Qual o seu nome?

— Grasiele, com esse — digo, aproveitando para indagar: — Senador, podemos tirar uma foto, também?

— Claro — responde, solícito.

Com um beijo no rosto e um autografo no bolso, vou-me embora feliz do evento.