sábado, 23 de fevereiro de 2008

Nascida em uma família católica, desde pequena freqüento a igreja. Batismo, catequese e crisma, passei por quase todos os sacramentos, devo confessar que foi cansativo e muitas vezes fui levada à força. Essa formação religiosa, de certa forma foi imposta pelos meus pais, não os critico já que o papel deles é mostra os caminhos que acreditam e eu devo escolhê-los ou não.
Sempre questionei algumas coisas que para a igreja Católica não são aceitas como o uso de camisinha e anticoncepcional, principalmente no mundo em que vivemos, onde milhões de pessoas morrem por causa do vírus HIV e de jovens que se tornam pais cada vez mais cedo. É claro que outras religiões são questionadas – porque proibir o uso de calças e o corte de cabelo entre as mulheres? Porque tantas guerras e sofrimento em nome da religião, se temos apenas um Deus?
Religião não deve ser tratada como comercio, é claro que não vejo mal ao comprar um terço, ou pingente com imagens religiosas, mas exigir dinheiro como condição de rendição dos pecados. Já é demais.
Prefiro não discutir o tema “religião”, pois é algo muito pessoal, cada um tem direito de acreditar no que quer e da forma que quer. Esse tipo de discursão só traz desavenças e meche em feridas.
Quando questionada: “qual a sua religião?” Respondo que sou católica, mas não “fervorosa”, daquelas que vai à igreja todo o final de semana e que se confessa todo ano, acredito que Deus está em todos os lugares e não acho que um padre seja tão livre de pecados que possa ouvir os meus, que não são poucos...Ainda mais agora com tantos casos de pedofilia e corrupção sendo noticiados nos jornais.
Já freqüentei centros espíritas, acredito que haja vida pós-morte e vidas passadas, tenho curiosidade em conhecer outras religiões, leio meu horóscopo todos os dias, sempre que posso consulto outros meios esotéricos, acredito em santos, mas não venero imagens, não quero fechar meus olhos para uma verdade absoluta. Nos momentos de tristeza procuro fazer uma oração ou ler um salmo. Acredito que haja uma força superior, mas não sei se tem esse rosto que já foi nos imposto.
Para os cientistas a religião é algo criado pelo homem, para que ele possa explicar as mazelas da vida, quem nunca ouviu “se Deus quiser...” ou “foi Deus que quis assim”.
Eu acredito e tenho fé que exista algo maior que rege todas coisas no mundo, mas que nós colhemos o que plantamos e sempre somos testados.
Assim seja, amém...
Um desafio foi lançado: conhecer algum lugar que nunca tinha visitado ou fazer um caminho diferente que habitualmente não faço e dê quebra escrever algo sobre.
No primeiro momento não é uma tarefa difícil, já que diversidade é palavra-chave da capital paulista, e podemos dizer isso em todas às áreas: gastronomia, cultura, esporte, lazer e tantas outras.
Mas como fazer isso se minha vida se resume em trabalho, escola e ônibus? Quando chega o tão esperado final de semana, não muito contente estudo mais um pouco e o tempo que resta aproveito para ficar em e recordar quem são os membros da minha família!
Mas estava com sorte e no sábado, no mesmo dia em que foi dado o exercício, tinha combinado em ir visitar um amigo que mora em Pirituba. Como nunca tinha ido a sua casa, ele me ensinou o caminho. Teria que pegar o ônibus “Jaraguá”, que sai do Vale do Anhangabaú, assim que vi o nome do ônibus a primeira coisa que me veio à mente foi o Pico do Jaraguá, que fica muito, mas muito longe de onde moro. Mas isso não me preocupou já que meu amigo havia tido que morava em Pirituba e até aí eu já conhecia.
Fiz questão de ir sentada, pois apesar de não demorar muito, minha mochila estava pesada. Deveria descer no ponto da padaria Ipanema, quando percebi que já estava em Pirituba, me levantei e fui em direção da porta, o ônibus já estava cheio, mas consegui ficar próxima a porta sem que atrapalhasse os demais. Pedi que o cobrador me avisasse quando chegasse a tal padaria. Povo desce povo sobe, e eu lá balançando no ônibus, já fazia 20 minutos que estava ali e nada do cobrador me avisar. Preocupado, perguntei a uma moça que estava do meu lado se faltava muito para chegar na padaria Ipanema, foi quando ela me disse que estava muito longe: “ih... tá longe vai demorar uns 40 minutos ainda, é o penúltimo ponto do ônibus!”
Aquela altura do campeonato, minha mochila estava pesando uma tonelada e o sol estralando lá fora. Conheci todos os cantos de Pirituba, passei próximo ao terminal de ônibus, estação de trem, bairros mais nobres outros nem tanto, subi e desci ponte. Por um instante tive a impressão que estava em outra cidade, até por uma rodovia o ônibus passa.
Mas a minha ficha só caiu quando pela janela eu vi o Parque do Jaraguá, ou seja, o local que eu mais temia estava na minha frente e nem cheiro da padaria. Foram os 40 minutos mais intermináveis da vida, ainda mais naquelas condições. A moça que eu havia pedido ajuda, achando que iria me consolar disse: “quando está transito demora quase duas horas...”.
Quando finalmente o cobrado falou as palavras mágicas: “o próximo você desce”. Nem acreditei que havia chegado, fiquei tanto tempo em pé que não sentia mais minhas pernas.
Não demorou muito meu amigo chegou, por pouco não o estrangulei. No final valeu a experiência, conheci alguns pontos de Pirituba e até o Parque do Jaraguá, que alias já marcamos um passeio para conhecer melhor, só que agora do lado de dentro.