sábado, 2 de abril de 2011

Sustentabili, o quê?

A palavra é longa, tem 16 letras, sua pronúncia, para muitos, é complicada – quase um trava língua –, mas virou moda mundialmente: SUS – TEN – TA – BI – LI – DA – DE. Atualmente, é assunto obrigatório nas rodas entre amigos, é cult ter uma vida sustentável , os concursos públicos e vestibulares já a utilizam como tema obrigatório nas redações.  Mas, você sabe o que é SUS-TEN-TA-BI-LI-DA-DE? Você tem uma vida sustentável?
Para muitos, SUS-TEN-TA-BI-LI-DA-DE é apenas usar sacolas retornáveis no supermercado ou separar a caixinha do leite na hora de recolher o lixo.  As socialites mandam suas empregadas separarem o lixo reciclado e vão aos shoppings com seus caríssimos casacos de pele. Os homens colam nos carros adesivos dizendo: “Não polua o Planeta Terra”, mas utilizam seus automóveis para irem à padaria, que fica na próxima esquina. Os alunos têm aula de educação ambiental, nas escolas, mas quando chegam a casa, observam suas mães desperdiçando água. Os empresários lançam campanhas para recolherem pilhas e baterias, mas vendem materiais que são produzidos ilegalmente por homens e mulheres, escravos, de empresas capitalistas.  
SUS-TEN-TA-BI-LI-DA-DE está muito além das questões ambientais, o assunto deve ser discutido na economia, na política, no cotidiano e na cultura, para que dessa forma possamos, realmente, ter uma vida sustentável.
Procurei no meu saudoso dicionário Aurélio, de bolso, de 1997, e a palavra ainda não estava relacionada. Alguns cliques pela internet foram suficientes para encontrar um significado, neste emaranhado de informações: “Sustentabilidade é a habilidade, no sentido de capacidade, de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém.”
Temos a mania de conceituar as coisas, saber seus significados, como se isso facilitasse sua utilização. Mas, na verdade, não sabemos exatamente como usa-lá.  É como dizer o significado de felicidade. O que é felicidade para mim, pode não ser felicidade para você, mas quem vai dizer que não é felicidade? O que é sustentável para João, pode não ser para José e assim por diante. Mas o importante é que pequenas atitudes, “sustentáveis”, façam parte do nosso cotidiano e que possamos fazê-las naturalmente, sem que sejam necessárias campanhas motivacionais, propagandas  e mais propagandas.  Dessa forma, a socialite vai continuar pedindo que sua empregada separe o lixo, para a coleta seletiva, mas não usará mais casacos de pele, que aumentam cada vez mais o número de animais em extinção. O homem vai manter o adesivo no carro e fará mais caminhadas pelo seu bairro, diminuindo a emissão de CO2. A mãe vai economizar mais água, permitindo assim, que seu filho possa utilizar o que aprende na escola em casa. E o empresário vai ampliar as campanhas sustentáveis, diminuindo seus gastos e inibindo a escravidão humana, que assombram milhares de imigrantes.
Enfim, é mais fácil ser sustentável do que pronunciar SUS-TEN-TA-BI-LI-DA-DE.

3 comentários:

FábioB disse...

Excelente. Adorei a forma como escreveu. O texto flui levemente, é intrigante, envolvente, crítico.
Mas discordo de algumas idéias.

@samhardnheavy disse...

Adorei, Grasi. Um texto de fácil leitura e acessível a todos. Parabéns! Quem sabe vc pode me dar dicas para eu começar o meu próprio blog...meu chefe vive me dizendo que tenho que ter um...ai ai.

Leite disse...

Faço parte da equipe do Blog "Testando os limites da sustentabilidade", cujo o objetivo é analisar a qualidade dos balanços de sustentabilidade apresentados pelas empresas, a qualidade das ações sustentáveis, bem como a capacidade de resposta das organizações para com os questionamentos sobre o referido tema.

Visto que você se interessa também sobre este tema, segue abaixo o link do nosso blog que poderá servir de material de pesquisa para futuras matérias sobre sustentabilidade.

http://testandooslimitesdasustentabilidade.blogspot.com/

Atenciosamente,

Roberto Leite.