quinta-feira, 19 de julho de 2007

17 horas. Perto de mais um final de tarde de aparente tranqüilidade, no país Tupiniquim.
Os aeroportos Salgado Filho e Congonhas trabalham em força total, apesar da frente fria que trouxe uma chuva fina, mas continua. Como de costume mais em grupo de pessoas vão fazer uma viagem de pouco mais de uma hora, de Porto Alegre até São Paulo.
No airbus A-320 da Tam, há 180 pessoas, entre funcionários e passageiros. Pessoas desconhecidas, com histórias diferentes, alguns viajam a negócios, estudos, férias ou apenas com a intenção de visitar um familiar.
O vôo 3054 decola às 17hs16 da capital gaúcha, mas ao chegar a metrópole paulista às 18hs40, o piloto não consegue pousar e tenta levantar vôo novamente. Tarde demais.
A aeronave sobrevoa a Av Washington Luiz, uma das mais movimentadas da capital e colide com o depósito de cargas da Tam, que funciona 24 horas por dia.
Uma grande explosão silencia a frenética São Paulo.
Bombeiros são acionados, tentam apagar o fogo e evitar maiores explosões. Funcionários da Tam Express gritam em busca de ajuda, o desespero faz com que alguns pulem do edifício em chamas.
A notícia se espalha por todo o mundo e a esperança de sobreviventes é aos poucos descartada.
200 é o numero de vitimas estipulado pelo Corpo de Bombeiros.
Representantes de outros países enviam mensagens de apoio ao presidente da República, que decreta três dias de luto.
Hipóteses são levantadas: falha humana? mecânica? más condições na pista de aterrissagem?
Um verdadeiro caos aéreo, que a menos de 11 meses tirou a vida de 154 pessoas que estavam no Boeing 737 da Gol, que se dirigia ao Rio de Janeiro e colidiu com o jato Legacy ao sobrevoar Amazônia. Acidente este que até o momento não tem explicações.
Até quando vamos suportar essa situação?
Quantas pessoas mais vão perder suas vidas devido à bagunça aérea no Brasil?
Digo bagunça, pois há um mês o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não há caos aéreo e sim o “aumento do fluxo de tráfego por causa da prosperidade do país”.
Que prosperidade é essa, que causa a morte de centenas de pessoas, atraso de vôos com mais de duas horas e que obriga seus funcionários a trabalharem 30 dias sem descanso?
Mas, há quem diga, que houve investimentos no aeroporto de Congonhas, afinal foram gastos cerca de R$ 30 milhões em sua última obra, que foi liberada no dia 29 de junho, mesmo sem o grooving, ranhuras que melhoram o escoamento de água e aumentam a aderência dos pneus do avião.
Será que é mais importante a preocupação com o conforto dos passageiros, que ficam horas esperando o embarque, do que a segurança de suas vidas? Por que não entregaram primeiro as ranhuras da pista, ao invés das melhorias nas salas de embarque que foram realizadas na primeira fase da obra?
Até quando o chamado “crescimento econômico” será mais importante que a vida dos brasileiros?
Congonhas foi inaugurado na década de 70, distante do centro urbano, tinha boa visibilidade e terreno que permitiria a construção de quatro pistas. Em 1990 tornou-se o aeroporto mais movimentado do país, cercado de prédios comercias e residências, atualmente funciona acima de sua capacidade, cerca de 18 milhões de passageiros por ano.
Culpados? Após o trágico acidente, assistimos a um verdadeiro jogo de empurra-empura.
Ao ser comunicado que a aeronave estava com problemas técnicos, o assessor para Assuntos Internacionais do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, aparentemente comemora ao fazer gestos obscenos.
E assim vão se passar os dias, explicações e mais explicações, sem nenhuma solução. As famílias irão enterrar seus mortos e tudo vai parecer um grande pesadelo.
E nós? Como disse nossa excelentíssima ministra do Turismo, Marta Suplicy, temos que “relaxar e gozar”.

2 comentários:

BUfTAO disse...

Até quando as ditas autoridades deste país vão achar que
somos palhaços?Até quando as ditas autoridades deste país vão inventar desculpas
para nos dizer inverdades diante de imagens e fatos que dizem por si mesmos?Mas,
até quando nós seremos passíveis, como marionetes, a tudo o que se passa neste
país?Desde o caos aéreo, até a violência galopante, passando por obras
superfaturadas do Pan, a pontes da Gualtama que ligam nada a lugar nenhum, até
chegarmos a pensões alimentícias que são pagas por terceiros com a desculpa de
que vacas imaginárias estam pastando em locais inexitentes.Mas ao contrário do
que cada um de nós pode pensar, a corrupção não começa nos altos escalões, mas sim
na porta de nossas casas, no nosso dia-a-dia, quando aplicamos o famoso jeitinho
brasileiro e ainda nos vangloriamos com isso.Esse país tem jeito, mas só terá
jeito realmente quando abolirmos de nossas vidas a aplicação da Lei de Gerson, que é
aquela que diz que temos que fazer de tudo para levarmos vantagem sobre o nosso
próximo.

Virou concorrente agora?
Hehehe, tá certo, vamos dominar o mundo...

Blog da Elis disse...

Oi Grasi! Adorei seus textos! Continue escrevendo, please! Terei o maior prazer em ler! Sempre. Bjus